terça-feira, 26 de novembro de 2013

audiodescrição

INCLUSÃO:
Áudio-Descrição: Uma Fusão Perfeita entre Arte e Linguagem
A importância e a relação da linguagem e da arte na formação do sujeito crítico e participativo são claras e notórias, assim como de todas as outras áreas do conhecimento que não podem ser negadas às pessoas com deficiência visual. Portanto, o recurso áudio-descritivo precisa ser valorizado e aproveitado para que a existência destas pessoas seja cada vez mais produtiva e significativa enquanto cidadãos.
A audio-descrição é um recurso de tecnologia assistiva que permite a inclusão de pessoas com deficiência visual, junto ao público de produtos audiovisuais. O recurso consiste na tradução de imagens em palavras. É, portanto, também definido como um modo de tradução audiovisual intersemiótico, onde o signo visual é transposto para o signo verbal. Essa transposição caracteriza-se pela descrição objetiva de imagens que, paralelamente e em conjunto com as falas originais, permite a compreensão integral da narrativa audiovisual. Como o próprio nome diz, um conteúdo audiovisual é formado pelo som e pela imagem, que se completam. A audio-descrição vem então preencher uma lacuna para o público com deficiência visual.
Alhures, ao escrevermos a respeito da áudio-descrição, assim nos expressamos:
Uma técnica de tradução visual surge na década de 1980 e vem se mostrando eficaz na comunicação dos elementos visuais às pessoas com deficiência visual, já sendo a sua utilização prevista em lei no Brasil. Trata-se da áudio-descrição, serviço de tecnologia assistiva que consiste na identificação e elocução de elementos visuais essenciais à compreensão e apreciação das imagens presentes nas obras teatrais, cinematográficas, televisivas, literárias, jornalísticas, científicas, artístico-culturais, entre outras, destinada principalmente às pessoas com deficiência visual, com dislexia, pessoas analfabetas, ou que não saibam o idioma em que um filme ou programa está sendo exibido.
O foco da áudio-descrição é oferecer ferramentas para tornar o mundo das imagens acessível àqueles que não as vêem, tornando tais imagens significativas, portanto, igualmente relevantes para as pessoas com deficiência visual, tanto quanto para os indivíduos que enxergam. Na áudio-descrição, as imagens falam aos sujeitos que não as vêem (com a mesma magnitude e beleza), agora, por meio da voz ou da escrita do áudio-descritor. A áudio-descrição faz parte do campo da tradução visual e é produzida segundo diretrizes técnicas pré-estabelecidas, dentre as quais a da oferta de narração dos elementos visualmente observados, nos intervalos/pausas entre as falas dos personagens, nas imagens contidas em livros e em legendas descritivas.
O propósito da Áudio-Descrição é propiciar às pessoas com deficiência visual, cegas ou com baixa visão, um quadro mais completo do que está sendo mostrado, viabilizando-as a participar de uma dada apresentação com a qualidade permitida a uma pessoa sem deficiência visual.
Utilizando-se técnicas de áudio-descrição de imagens estáticas, é possível aplicar o recurso no ambiente dos museus onde podem ser encontradas esculturas, pinturas e demais obras de arte para a apreciação de todos. Para a aplicação da áudio-descrição nesses ambientes será necessária a aplicação das técnicas de áudio-descrição de imagens estáticas. Este artigo propõe-se também a colaborar na divulgação de orientações que auxiliem os áudio-descritores na feitura da descrição de elementos visuais encontrados nos museus.
Para que se empreendam áudio-descrições que sejam, não apenas padronizadas, mas também fiéis ao conteúdo da obra algumas diretrizes de caráter geral têm sido aceitas pelo público com deficiência como sendo razoáveis na comunicação dos elementos essenciais à sua compreensão.
Expandindo as orientações de que na áudio-descrição se deve atentar para o que descrever e o como descrever, elencamos aqui as técnicas de descrição usadas na elaboração de descrições de imagens em museus, retiradas do site do Instituto Português de Museus.

Técnicas de Descrição de Imagem para Sítios Web de Museus

Descrição
Desenvolver a qualidade das descrições visuais é uma tarefa morosa que deve ser feita  cuidadosamente por pessoas que escrevam bem e que tenham conhecimentos na área da edição.
Na altura da criação do Virtual Museus Tour, não havia instruções disponíveis. Com a a preparação de aproximadamente 100 descrições visuais, foi desenvolvido um processo padrão. Este processo está resumido nas seis recomendações que se seguem e que poderão ser aplicadas noutros projetos da Web que envolvam imagens de obras de arte.

Recomendação UM: Seja Objetivo
A única função de uma descrição visual é descrever o aspecto de uma obra de arte.  Resumindo, deverá simplesmente responder à questão, “Como é o objeto?”. As descrições devem evitar quaisquer interpretações analíticas ou emotivas. Por outras palavras, não devem suscitar perguntas como, “O que quer dizer?” ou “O que é que acha?”. As descrições ajudam os visitantes a visualizar um objeto, e portanto fornecem um contexto para outras informações sobre outra obra que possam encontrar, tal como o historial antecedente, o estilo do artista ou o comentário dos críticos .  Ao combinar esta informação concreta com uma descrição objetiva, os visitantes da Web ficam suficientemente informados para fazer uma análise pessoal ou conseguir ter a sua própria reação emotiva.
No caso de personagens retratadas, num quadro ou noutra obra de arte , a objetividade  também deve ser aplicada.  Apesar de ser conveniente descrever a sua aparência, vestuário e ações, as descrições visuais não devem esforçar-se por explicar as suas motivações ou sentimentos, mesmo que estes estejam implícitos nos gestos ou no contexto. Se as emoções das personagens são óbvias na obra de arte, então serão provavelmente também notórios na descrição visual.
Neste exemplo, a descrição foi escrita sem referências à emoção, apesar do estado de espírito  implícito na pintura estar perceptível.



 http://deficienciavisual3.com.sapo.pt/txt-AudioDescricao_Museus-orientacoes.htm

Figura: William Adolphe Bouguereau (1825-1905) Francês,
THE SONG OF THE NIGTINGALE, 1895, pintura a óleo em tela, 55 x 35 polegadas,
Oferta de Robert Badenhop, 1954.12
 
...O corpo da rapariga está voltado para o seu lado esquerdo, enquanto que a cabeça e o olhar estão virados para o seu lado direito. Parte do cabelo castanho está puxado para trás até meio das costas. Tem sobrancelhas fartas, olhos escuros e faces avermelhadas. A boca é pequena e os lábios estão fechados. Os braços estão estendidos e as mãos com os dedos entrelaçados repousam nos seus joelhos...”

Finalmente, e porque o gosto artístico varia consoante a pessoa, as descrições visuais não devem conter juízos de valor sobre a qualidade da obra de arte, nem da habilidade do artista que o criou.