INCLUSÃO:
Áudio-Descrição: Uma Fusão Perfeita entre Arte e Linguagem
Áudio-Descrição: Uma Fusão Perfeita entre Arte e Linguagem
A importância e a relação da linguagem e da
arte na formação do sujeito crítico e participativo são claras e
notórias, assim como de todas as outras áreas do conhecimento que
não podem ser negadas às pessoas com deficiência visual. Portanto,
o recurso áudio-descritivo precisa ser valorizado e aproveitado para
que a existência destas pessoas seja cada vez mais produtiva e
significativa enquanto cidadãos.
A audio-descrição é um recurso de tecnologia
assistiva que permite a inclusão de pessoas com deficiência visual,
junto ao público de produtos audiovisuais. O recurso consiste na
tradução de imagens em palavras. É, portanto, também definido
como um modo de tradução audiovisual intersemiótico, onde o signo
visual é transposto para o signo verbal. Essa transposição
caracteriza-se pela descrição objetiva de imagens que,
paralelamente e em conjunto com as falas originais, permite a
compreensão integral da narrativa audiovisual. Como o próprio nome
diz, um conteúdo audiovisual é formado pelo som e pela imagem, que
se completam. A audio-descrição vem então preencher uma lacuna para
o público com deficiência visual.
Alhures, ao escrevermos a respeito da
áudio-descrição, assim nos expressamos:
Uma técnica de tradução visual surge na década
de 1980 e vem se mostrando eficaz na comunicação dos elementos
visuais às pessoas com deficiência visual, já sendo a sua
utilização prevista em lei no Brasil. Trata-se da áudio-descrição,
serviço de tecnologia assistiva que consiste na identificação e
elocução de elementos visuais essenciais à compreensão e
apreciação das imagens presentes nas obras teatrais,
cinematográficas, televisivas, literárias, jornalísticas,
científicas, artístico-culturais, entre outras, destinada
principalmente às pessoas com deficiência visual, com dislexia,
pessoas analfabetas, ou que não saibam o idioma em que um filme ou
programa está sendo exibido.
O foco da áudio-descrição é oferecer
ferramentas para tornar o mundo das imagens acessível àqueles que
não as vêem, tornando tais imagens significativas, portanto,
igualmente relevantes para as pessoas com deficiência visual, tanto
quanto para os indivíduos que enxergam. Na áudio-descrição, as
imagens falam aos sujeitos que não as vêem (com a mesma magnitude e
beleza), agora, por meio da voz ou da escrita do áudio-descritor. A
áudio-descrição faz parte do campo da tradução visual e é
produzida segundo diretrizes técnicas pré-estabelecidas, dentre as
quais a da oferta de narração dos elementos visualmente observados,
nos intervalos/pausas entre as falas dos personagens, nas imagens
contidas em livros e em legendas descritivas.
O propósito da Áudio-Descrição é propiciar às
pessoas com deficiência visual, cegas ou com baixa visão, um quadro
mais completo do que está sendo mostrado, viabilizando-as a
participar de uma dada apresentação com a qualidade permitida a uma
pessoa sem deficiência visual.
Utilizando-se técnicas de áudio-descrição de
imagens estáticas, é possível aplicar o recurso no ambiente dos
museus onde podem ser encontradas esculturas, pinturas e demais obras
de arte para a apreciação de todos. Para a aplicação da
áudio-descrição nesses ambientes será necessária a aplicação
das técnicas de áudio-descrição de imagens estáticas. Este
artigo propõe-se também a colaborar na divulgação de orientações
que auxiliem os áudio-descritores na feitura da descrição de
elementos visuais encontrados nos museus.
Para que se empreendam áudio-descrições que
sejam, não apenas padronizadas, mas também fiéis ao conteúdo da
obra algumas diretrizes de caráter geral têm sido aceitas pelo
público com deficiência como sendo razoáveis na comunicação dos
elementos essenciais à sua compreensão.
Expandindo as orientações de que na
áudio-descrição se deve atentar para o que descrever e o como
descrever, elencamos aqui as técnicas de descrição usadas na
elaboração de descrições de imagens em museus, retiradas do site
do Instituto
Português de Museus.
Técnicas de Descrição de Imagem para Sítios Web de Museus
Descrição
Desenvolver a qualidade das descrições visuais é
uma tarefa morosa que deve ser feita cuidadosamente por pessoas
que escrevam bem e que tenham conhecimentos na área da edição.
Na altura da criação do Virtual Museus Tour, não
havia instruções disponíveis. Com a a preparação de
aproximadamente 100 descrições visuais, foi desenvolvido um
processo padrão. Este processo está resumido nas seis
recomendações que se seguem e que poderão ser aplicadas
noutros projetos da Web que envolvam imagens de obras de arte.
Recomendação UM: Seja Objetivo
A única função de uma descrição visual é
descrever o aspecto de uma obra de arte. Resumindo, deverá
simplesmente responder à questão, “Como é o objeto?”. As
descrições devem evitar quaisquer interpretações analíticas ou
emotivas. Por outras palavras, não devem suscitar perguntas como, “O
que quer dizer?” ou “O que é que acha?”. As descrições
ajudam os visitantes a visualizar um objeto, e portanto fornecem um
contexto para outras informações sobre outra obra que possam
encontrar, tal como o historial antecedente, o estilo do artista ou o
comentário dos críticos . Ao combinar esta informação
concreta com uma descrição objetiva, os visitantes da Web ficam
suficientemente informados para fazer uma análise pessoal ou
conseguir ter a sua própria reação emotiva.
No caso de personagens retratadas, num quadro ou
noutra obra de arte , a objetividade também deve ser
aplicada. Apesar de ser conveniente descrever a sua aparência,
vestuário e ações, as descrições visuais não devem esforçar-se
por explicar as suas motivações ou sentimentos, mesmo que estes
estejam implícitos nos gestos ou no contexto. Se as emoções das
personagens são óbvias na obra de arte, então serão provavelmente
também notórios na descrição visual.
Neste exemplo, a descrição foi escrita sem
referências à emoção, apesar do estado de espírito
implícito na pintura estar perceptível.
http://deficienciavisual3.com.sapo.pt/txt-AudioDescricao_Museus-orientacoes.htm
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Figura: William Adolphe Bouguereau (1825-1905) Francês,
THE SONG OF THE NIGTINGALE, 1895, pintura a óleo em tela, 55 x 35 polegadas,
Oferta de Robert Badenhop, 1954.12 - “...O corpo da rapariga está voltado para o seu lado esquerdo, enquanto que a cabeça e o olhar estão virados para o seu lado direito. Parte do cabelo castanho está puxado para trás até meio das costas. Tem sobrancelhas fartas, olhos escuros e faces avermelhadas. A boca é pequena e os lábios estão fechados. Os braços estão estendidos e as mãos com os dedos entrelaçados repousam nos seus joelhos...”
Finalmente, e porque o gosto artístico varia consoante a pessoa, as descrições visuais não devem conter juízos de valor sobre a qualidade da obra de arte, nem da habilidade do artista que o criou.